Domingo, 26 de Outubro de 2014 - 20:00h
Entra para os anais da história um certo dia de Domingo, um Domingo negro para mais de noventa milhões de eleitores que não votaram no que aí está posto. Indivíduos que não mais aceitavam os mandos e
desmandos de um partido que se considera acima do bem e do mal, que delira se achando acima da lei e que se acha no direito de dividir o país em classes, etnias,
cores, opções sexuais e religiões.
Dia negro para a esperança de cerca de noventa milhões de pessoas que almejavam não mais ter de ligar os seus
televisores e ver nos jornais escândalos diários de desvio de verbas públicas.
Dia negro para os que desejavam
ver a legislação penal endurecer em prol da diminuição da criminalidade que
assola o país.
Dia negro para os que esperavam
uma mudança no paradigma social que se instalou nestes últimos doze anos, que é
o de esperar - sentado - o Estado prover as suas necessidades.
Dia negro para os que acreditaram
nas manifestações sociais de Julho de 2013, onde milhões de pessoas foram às
ruas pedir uma mudança no sistema político vigente.
Dia negro para os eleitores esquerdistas
que aguardavam uma mudança do partido que se diz de esquerda, mas que se une a
figurões da Velha República como Collor, Sarney e Calheiros.
Dia negro para os eleitores de
centro-direita ou de direita que já não podem, desde 2002, manifestar as suas
opiniões, pois são considerados como párias da sociedade.
Dia negro para os gramáticos,
escritores e integrantes da Academia Brasileira de Letras, pois serão obrigados
a suportar mais quatro anos de discursos de uma Presidente que não sabe
formular uma frase inteira sem espancar a Língua Portuguesa.
Dia negro para o mercado que se
verá obrigado a sobreviver a mais quatro anos de insegurança jurídica,
tributária e contábil de um governo que tem como meta uma inflação em 7%, juros absurdos e que apoia
países irresponsáveis economicamente, como a Argentina e Venezuela.
Dia negro para os nossos jovens
que ainda terão de tolerar mais um mandato de um governo que considera que estar
na 35º posição, e não na última – em um ranking da educação mundial com 36
países - um salto extraordinário na educação.
Dia negro para os que possuem um viés partidário e que gostam de emitir as suas opiniões - normal em qualquer democracia - mas que já não o fazem com tranquilidade, pois quando emitem as suas ideias são tachados de nazistas ou de traidores da pátria.
Dia negro para aqueles que
aplaudiram a Constituição Cidadã em 1988 quando esta afirmou que o tipo de
democracia a ser vigente no país seria a Representativa, mas que sabem que o Grande Partido ambiciona um tipo de democracia diferente, a democracia popular, onde o
Congresso seria quase que dispensável.
Dia negro para os que desejavam por urgentes mudanças sociais, mas sem ter que assistir o Brasil ser dividido em classes, cor, credo e afiliação partidária.
Dia negro para os que admiravam a
estrutura republicana no Brasil funcionar, onde o Judiciário e o Legislativo
não eram aparelhados pelos sectários integrantes do Executivo.
Dia negro para a liberdade de imprensa, pois serão mais quatro anos de governo de um partido que tem como vice-presidente um cidadão que emite uma lista negra de jornalistas e humoristas que cometeram o hediondo crime de emitir as suas opiniões pessoais e divulgar a verdade.
Dia negro para a política externa brasileira que a doze anos sofre com a pequeneza de ideias emanadas do Palácio do Itamaraty que preferem defender ditaduras e organizações criminosas, como o Irã e o Estado Islâmico, a se aliar com países de primeiro mundo.
Dia negro para os que ainda conservavam
uma pequena esperança de não ter de explicar aos seus filhos o motivo de os
heróis do Brasil serem pessoas que já
foram, estão ou serão presas por corrupção ou assaltos a bancos.
Esperamos (e esperar é a única coisa que podemos fazer a partir de agora) que as consequências deste Domingo Negro não perdurem por muito tempo.
(Vicente Junior)